ENTREVISTA

Entrevista Moraes - torcedor do Flamengo

1)      Qual foi a maior loucura que você já fez pelo Flamengo? Sei que foram muitas, mas a mais curiosa?

Se você for ao meu site vai vê que não tem como mensurar “as loucuras” que fiz para assistir jogos do Flamengo. Você acha que não é loucura ir na década de 80, pro Iraque, Líbia, Zaire, Arábia Saudita, Kuwait, Japão, Trinidad e Tobago, Marrocos, Bahrein, Gabão, Argélia, Angola, África do Sul e Tunísia? Você tem ideia do que era viajar pro exterior naquela época? Não, você pensa que tem. Hoje sua geração é privilegiada. Pode viajar pra qualquer lugar do mundo e vai na boa. Tem várias opções de voos, estadia e tal. Naquela época era brabo. Ou você ia com o time ou não via o jogo. Era obrigado a viajar com a delegação e ficar nos mesmos hotéis.  Uma fortuna. Pra piorar, um dólar valia quase 5 paus. Gastei muito dinheiro pra fazer essas loucuras e acompanhar meu Flamengo por esse mundão.

Agora loucura mesmo foi pra assistir a final da Libertadores no Uruguai em 81. Foram 9 dias dentro de uma coisa “parecida” com um ônibus. Naquela época não tinha ônibus com ar condicionado. Era latão mesmo. Banheiro dentro? Esquece. Pra você ter ideia o trajeto foi Rio, atravessamos todo o Sul do Brasil, Argentina, subimos a Cordilheira dos Antes até Santiago. O Flamengo perdeu o jogo lá. O último jogo seria em Montevidéu. Retornamos via Argentina, cruzamos metade do seu território, uma balsa pra atravessar um rio que separa a Argentina do Uruguai, depois um buzão inté Montevidéu. Acabou? Nada. O retorno de "buzão" foi via Chuí até Porto Alegre e... Ufa. Finalmente um avião inté o Rio de Janeiro. Neguinho queria se matar... Mas valeu a pena. Faria tudo de novo.



2) O que te move a fazer essas loucuras?



Amor, Paixão e vontade. Amo meu clube. Adoro vê-lo jogar, mas isso tem um preço e alto. “Família, trabalho e dinheiro”, muito dinheiro. Pesquisa meu site e faz um cálculo aproximado de quanto gastei. Você morre primeiro que eu.



3) O que significa pra você torcer pelo Flamengo?



Vida. O Flamengo pra mim é vida e minha família sabe disso, tanto que não compete. Sabe que amo eles tanto quanto o Flamengo. Então, dá pra conciliar as duas coisas. Minhas paixões.



4) Qual o grande diferencial da torcida rubro-negra?



Não existe nada igual no mundo e posso dizer isso com base de quem conhece mais de 75 países só vendo futebol. Quando a torcida do Flamengo tá coesa, junta, unida, não tem igual no planeta. Além da paixão, tem a junção da alegria natural do povo brasileiro combinada com nossa ginga e espontaneidade.



5) Qual é o limite do fanatismo?



A inteligência. Sem isso a pessoa se destrói. É como droga pesada. A pessoa tem que saber seu limite. Amo demais meu Clube, mas sei até onde posso ir. Na adolescência eu exagerava. Hoje a idade chegou e me policio. Sei do meu limite. Sei que o fanatismo não é bom e atrapalha. Então é só ter razão e consciência que você coloca um freio na coisa.


Entrevista Luciana Leal - torcedora do St. Pauli

1) Nos anos 80 a torcida se mobilizou para reerguer o clube. Existe alguma atitude mais recente que seja memorável?

O time estava a ponto de perder a licença para jogar na Liga oficial por não apresentar fundos necessários para se manter na temporada que iniciaria, e então foi criada uma campanha com o slogan Rettetden FC St. Pauli (Savethe FC St. Pauli), onde várias ações foram criadas para a arrecadação de fundos. Dentre várias ações, uma que ficou marcada, foi a iniciativa do presidente do Bayern München, UliHoeneß de ajudar na campanha e um jogo foi promovido entre os dois times. Claro que a campanha foi um sucesso e o dinheiro arrecadado em poucos meses foi maior do que 1 ano normal de receitas.

2) Pode-se dizer que o St. Pauli é um clube feito pelos torcedores, o que é um grande exemplo no mundo da bola. Você acha que, hoje em dia, o futebol se tornou um esporte muito comercial e atitudes como essa são cada vez mais raras?

Sim, o St. Pauli tem essa característica de ser um clube feito pelos torcedores. Tanto que se o clube toma alguma atitude que vai contra os princípios defendidos por eles e pelos torcedores, rapidamente os torcedores já se mobilizam para reverter isso. O futebol está cada vez mais comercial, Os jogadores viraram mercadorias e os ingressos para os jogos nas grandes arenas são um absurdo! O torcedor com um menor poder aquisitivo, tem que se apertar se quiser ver um jogo. Veja na Copa do Mundo, a grande parte dos torcedores/freqüentadores de estádio, ficaram de fora porque não puderam ou se recusaram a pagar tão caro por um ingresso. Tanto que você vê, cada vez mais, torcedores de grandes times, acompanhando jogos de clubes menores e em estádios menores. Por serem mais baratos e porque nesses lugares ainda é possível ter contato com a alma do futebol, coisa que nas grandes arenas não se acha mais. Por essas você pode ter uma ideia de como o movimento contra o futebol moderno vem tomando corpo e ficando mais perceptível aqui no Brasil.

3) Tem se tornado comum que brasileiros escolham um time do exterior para torcer, mas em geral são clubes famosos como Barcelona e Arsenal. O que mais motiva brasileiros torcerem pelo St. Pauli mesmo de tão longe?

Acho que uma das primeiras razões que chama a atenção das pessoas para o time é esse caráter alternativo dele. Depois, pra quem se torna fã mesmo do time, é a busca pela alma do futebol e o algo a mais que ele possa trazer.Hoje o futebol tem o poder de propagar mensagens que vão além do esporte, ele pode ser usado como um propagador de idéias, ideologias. O St. Pauli tem como moto a luta contra o preconceito racial, de classes, de opção sexual, vai contra o sexismo e o fascismo político. Tanto que torcer para esse time vai muito além de resultados ou posições em uma liga, ou até mesmo futebol. Torcer para o St. Pauli tem muito mais a ver com amizade, respeito, convivência em grupo, lutar pelos seus direitos.

4) Li em uma reportagem que um dos rivais do St. Pauli é o Hamburgo, que é um time expressivo. Essa rivalidade é mais ideológica ou clubista?

A rivalidade entre eles começou na época de 1980 quando os torcedores de esquerda começaram a frequentar as arquibancadas do Millerntor em maior número e existiam torcedores fascistas nas arquibancadas do HSV. É mais político e a coisa segue até hoje. Como o St. Pauli expulsou nazistas e fascistas de suas arquibancadas, fica aquela coisa de que o HSV é fascista porque têm torcedores de extrema direita. Mas não é! Existem torcedores dentro do HSV que odeiam esse pessoal também. O time que é o grande rival do St. Pauli, principalmente por ideologia, é o Hansa Rostock.

5) Quem é o maior ídolo do time?


Hummmm...Eu sei que os meus são Deniz Naki e Fabian Boll. Andei conversando sobre essa pergunta com alguns amigos e ninguém soube me dizer sobre um ídolo de todos os tempos. O clube tem grandes nomes no passado, mas a cada momento surge outro e outro. Então, o que eu entendi é que pra cada época existe um ídolo e como eu sou da 'geração' de 2009 pra cá, os meus, e de muitos que conversei, são Deniz Naki e Fabian Boll.


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