segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Um pouco de história: Real Madrid x Barcelona

As recentes notícias sobre o antigo desejo de independência da Catalunha fazem lembrar de uma rivalidade famosa do futebol mundial: Barcelona x Real Madrid. Assim como outros clubes, as diferenças não se restringem apenas ao futebol.

O Barcelona é símbolo de resistência contra a ditadura do general Franco, que era torcedor do Real Madrid. O Barça exaltava valores e princípios do povo que representa. O slogan da equipe catalã é “mais que um clube” justamente porque permeia áreas extra-campo. Mesmo depois da morte do general, o Barcelona seguiu com a proposta de atuar em outros setores. Do outro lado, o time merengue era identificado pelo forte nacionalismo espanhol e pelo poder. Não por acaso o nome Real Madrid está associado à realeza madrilenha. Em 1931, portanto, durante a Segunda República o time perdeu a coroa do escudo e todos os títulos, que só foram devolvidos dez anos depois.

De acordo com o vídeo-repórter da ESPN Brasil João Castelo Branco, a história pesa até mesmo nos dias de hoje e que isso se manifesta principalmente no clube catalão.

- Eles usam ainda o clube do Barcelona como um veículo para demonstrar essa vontade de ter independência. É uma coisa muito rara ter um clube que seja envolvido com a política, mas o Barcelona ainda é um clube que apoia abertamente a independência da Catalunha e está muito envolvido nesse movimento. O Barcelona ainda canta músicas contra o Real Madrid, especialmente sobre a época que o time era o time do ditador - explicou.


As mudanças no escudo do Real Madrid
O slogan do Barcelona estampado nas arquibancadas do Camp Nou
Depois da vitória franquista na Guerra Civil Espanhola, o escudo do Barcelona era um dos únicos símbolos em que se podia ver a bandeira da Catalunha. E somente no estádio Camp Nou que estava permitido usar o idioma catalão. Durante esse período o Real Madrid foi favorecido com a contratação de grandes jogadores e venceu diversos campeonatos. Uma das provocações feitas por torcedores do Barcelona aos rivais é sobre o fato deles torcerem para o time de um ditador.  


- Já existem muitos livros contando que realmente existia uma maneira de privilegiar o Real Madrid e atrapalhar o Barcelona. Como o Barcelona era muito abertamente contra o ditador e o Real era o time do Franco, existem algumas história de roubos escancarados do juiz contra o Barcelona e intimidação de jogadores pelo exército no estádio do Real Madrid. A história mais famosa talvez seja na contratação do Di Stéfano, que tinha um acordo com o Barcelona o Franco usou a influência dele para ajudar o Real Madrid - concluiu.

O atacante argentino Alfredo Di Stéfano por pouco não vestiu a camisa azul e grená. Ele era a estrela do River Plate e em 1952 enfrentou o Real Madrid. Um olheiro catalão assistiu ao jogo e se interessou pelo jogador. Mas é claro que a categoria dele também despertou olhares do clube rival. A negociação do argentino era feita com intervenção do governo e a Federação Espanhola de Futebol decretou uma lei que bania a contratação de estrangeiros. Di Stéfano era uma exceção e ficou combinado que ele seria dividido pelos dois clubes. Mas o então presidente do Barcelona foi pressionado a deixar o cargo, a direção interina abandonou o acordo e Di Stéfano consagrou-se craque do Real Madrid.


Di Stéfano vestido com a camisa merengue
As partidas entre as duas equipes sempre rendem um belo espetáculo. Grandes jogadores, estádios de grande estrutura e torcidas apaixonadas. A rivalidade está também entre os dois maiores craques do futebol. Do lado merengue o português Cristiano Ronaldo e do lado catalão, o argentino Lionel Messi. Pode-se dizer que ter um inimigo à altura é um desafio que produtivo independente de qual lado seja o vencedor.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

La Guardia Imperial




A torcida do clube argentino Racing, La Guardia Imperial, é numerosa, barulhenta e apaixonada. Ela é a barra brava principal do time e é a maior responsável pelas belas festas nas arquibancadas. Mas não é só na estética que ela atua.

Entre os anos de 1983 e 1985 o clube estava na segunda divisão do campeonato argentino e a torcida bateu todos os recordes de público do país. Anos depois, em 1999, o Racing estava ameaçado de falir e, mais uma vez, La Guardia Imperial estava lá. A equipe não poderia participar do torneio Clausura, mas os torcedores ignoraram a proibição, lotaram o estádio no fim de semana e salvaram o clube. 

Desde o episódio, o dia sete de março é festejado como "o dia do torcedor do Racing". O feito foi eternizado também na música mais famosa ecoada, "De pendejo te sigo", que significa "desde jovem te sigo".





As demonstrações de amor ao time não param. Em 2001, o Racing conquistou um título nacional depois de 35 anos. A torcida encheu dois estádios: o do Véllez, onde estava acontecendo a partida e o Cilindro, do Racing. Atitudes como essa são repetidas com frequência pelos hermanos que movem o clube argentino.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Heróis x Coveiros

No Brasil pouco se sabe do futebol sérvio, além do básico que é de lá que saiu o craque Petkovic. Muitos ainda desconhecem uma das maiores rivalidades entre torcidas do mundo: os heróis, que representam o Estrela Vermelha contra os coveiros, que defendem o Partizan. As diferenças estão arraigadas historicamente, mesmo antes da inauguração dos clubes. O documentário “The Real Football Factories” conta um pouco dessa história.

Os dois times nasceram pouco depois da Segunda Guerra Mundial. O Estrela Vermelha foi fundado pela Aliança Unida da Juventude Anti-Fascista, já o Partizan pelo Exército Comunista. O apelido de “coveiros” foi dado pela torcida do alvirrubro porque o uniforme do Partizan era preto e lembrava a roupa usada pelos funcionários do cemitério. Porém, os alvinegros usaram o apelido a favor e orgulham-se da denominação. A qualidade das partidas era o que mais chamava a atenção para “O Eterno Clássico”, como é conhecido o jogo entre as duas equipes. A rivalidade entre os dois times não acontece só no futebol, mas também em outros esportes como o basquete e no handball.


A torcida do Estrela Vermelha é conhecida pela politização e por muitos anos não usava palavrões. O que não acontecia na torcida rival. Mas ainda que seja mais politizada, não foge das inúmeras brigas. No fim do ano passado, houve confusão durante um jogo pelo campeonato da Sérvia, em que o Partizan perdeu de 1 a 0. Os objetos que os coveiros levaram para as arquibancadas viraram lenha e uma enorme fogueira podia ser vista de qualquer local do estádio.
Fogueira na torcida dos coveiros

As diferenças entre os clubes são muitas, mas nem só de episódios tristes são feitos os jogos entre eles. Em dias de clássico, acontece um verdadeiro espetáculo nas arquibancadas. Uma curiosidade é que o estádio do Estrela Vermelha é apelidado de Marakana em homenagem ao Maracanã, do Rio de Janeiro. "O Eterno Clássico" promete sempre grandes emoções, pois reúne história, cultura, rivalidade e torcida em 90 minutos.